Projeto de musicoterapia do Degase é voltado a garotas de 15 a 18 anos
Cada vez mais o contato com a música tem aberto novos caminhos para jovens que cumprem medidas socioeducativas. É o caso das quatro unidades do Departamento Geral de Ações Socioeducativas (Degase), situadas no Rio de Janeiro.
Projeto de musicoterapia do Degase
Voltado a garotas de 15 a 18 anos, o “Degase: musicoterapia para adolescentes em conflito com a lei” conquistou reconhecimento internacional depois de ser selecionado para compor uma publicação em homenagem aos 75 anos da Organização das Nações Unidas (ONU). Lançado em dezembro de 2020, o sumário apresenta ações sociais que utilizam a música como meio de promover a transformação social pelo mundo.
Sendo assim, o papel do Degase é o de resgatar a autoestima e esperança em um futuro melhor das adolescentes que chegam a seus abrigos. Geralmente, elas tiveram contato precoce com a violência por meio do crime e das drogas. E em casos são negligenciadas pela família ou têm laços familiares frágeis.
Segundo Mariane Oselame, musicoterapeuta responsável pelo projeto:
“Acredito muito nesse trabalho que vai reverberando e sendo agente de mudanças, por isso precisamos cada vez mais permitir que o mundo saiba o que é feito aqui dentro.”
Ajuda de outros profissionais
O projeto de musicoterapia do Degase conta também com o auxílio de outros profissionais da instituição, como: psicólogos, pedagogos, assistentes sociais e agentes de segurança socioeducativos.
Já as atividades incluem: composição, improvisação e audição de músicas. Todas elas dão oportunidade para que as histórias de vida dessas meninas apareçam tanto por meio das consultas individuais quanto em grupos, destaca o sumário.
“A música permite novas elaborações e narrativas (verbais ou não verbais) e oferece aos adolescentes novos caminhos de expressão.”
Sentimentos humanos
Além disso, Mariane afirma que a música pode ser um poderoso aliado para melhorar a vida dos jovens, principalmente quando integrada às áreas de educação, saúde e segurança:
“A prática musical possibilita um acesso mais rápido aos sentimentos humanos, fazendo com que as pessoas tenham mais capacidade para se conectar e se expressar.”
Como funciona a sessão de musicoterapia
A sessão de musicoterapia não funciona como uma aula de música e nem tem como objetivo “descobrir” cantores ou músicos. Ao contrário, os profissionais do Degase buscam dar liberdade para que as adolescentes expressem seus medos, aflições e dilemas pessoais.
Estilos musicais
Além disso, o tipo de música não se limita a um único estilo. Sendo assim, os ritmos favoritos das meninas são o funk e o pagode.
De modo geral, o atendimento pode ser feito em grupo ou individualmente. Porém, por conta da pandemia, a maior parte tem sido de forma individual.
Melodias e instrumentos
Por fim, com as vivências da terapia, as melodias e os instrumentos musicais acabam funcionando como ferramentas para construção de novos laços, conversas e formas de lidar com os desafios da vida, observa Mariane.
“Não posso dizer que a musicoterapia vai mudar a vida delas, mas estamos plantando uma semente, mostrando outras possibilidades.”
*Foto: Divulgação